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Monumento a Bíblia

Lei n. 4.182/2018. “Tomba para o patrimônio histórico e cultural do município, o monumento a Bíblia e dá outras providências”.

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O monumento foi projetado pelo arquiteto Avedis Balabanian, em 1976, inaugurada na gestão municipal de João Câmara (1967-1970 e 1974-1977). Ele simboliza o Livro Sagrado (representado pela pedra ao centro) e os dez mandamentos (representados pelos pilares, do menor para o maior). O monumento foi reconstruído e reinaugurado em 2017. O mesmo arquiteto produziu outro monumento, situado ao seu lado, o Monumento à Antônio João. Assim como o monumento à Bíblia, foi tombado por lei municipal, em 2018.

Como justificativa observado no projeto de lei, para seu tombamento como patrimônio “histórico e cultural” de Dourados, se “considerou o valor simbólico e religioso reafirmado na praça”. É mencionado apenas o “Dia da Bíblia e a Maratona da Leitura Bíblica no município de Dourados”, comemorado no 2º domingo de dezembro. Localizada na Praça Antônio João, a Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Catedral Diocesana de Dourados, não é mencionada. Nossa Senhora da Imaculada Conceição, inclusive é padroeira da cidade.

De acordo com Lara

[…] pode-se perceber que o surgimento e o desenvolvimento da Praça Antônio João acompanhou paralelamente os mesmos processos relacionados à Igreja Nossa Senhora Imaculada Conceição, e concomitantemente, o crescimento e a transformação da cidade de Dourados, podendo-se dizer que os elementos praça e igreja, nasceram e caminham até a atualidade juntos (2017, p.180).

Lara, ao citar Pinto (2007), destaca que

[…] a Praça Antônio João ocupa um lugar central em Dourados, não apenas geograficamente, mas particularmente por agregar as mais diversas relações sociais. Funciona como ponto de encontro, de manifestações da população, de festas, de celebrações, é um espaço utilizado por várias classes sociais e entidades para os mais variados fins. Nesse processo, adquiriu vinculação direta com a história e a urbanização do município, configurando-se como um espaço de socialização e um bem material edificado da cidade (Pinto, 2007, p. 16).

Ainda para Lara,

[…] no que concerne às comemorações vinculadas à Igreja Católica em Dourados, a referida praça possui papel fundamental na ampliação e (re)ligação da perspectiva religiosa com a social, que vai além das práticas exclusivas dos fiéis católicos, abrangendo também, os moradores não praticantes de tal religião, porém inclusos neste processo simbólico de apropriação do espaço público. (2017, p.182).

Ainda, cabe perguntar: Porque o Monumento a Bíblia foi escolhido para ser patrimônio cultural de Dourados? Ao mesmo tempo, porque a Catedral não foi citada? Geralmente a Catedral é vista como patrimônio cultural religioso, apontado por Lara, utilizada como cartão postal de Dourados por diferentes grupos, inclusive pelo poder público municipal. Além disso, assim como se faz alusão a religiosidade cristã e sua importância, Dourados não possui outras religiões praticadas que representem identidade e diversidade? O que você pensa sobre isso?

Fontes históricas consultadas:

Projeto de lei municipal n. 017/2018. “Tomba para o patrimônio histórico e cultural o Monumento à Bíblia e dá outras providências”. Autoria do vereador Braz Melo. Câmara Municipal de Vereadores de Dourados. 19f.

Foto: Monumento à Bíblia. Equipe do projeto PICTEC II/FUNDECT (2022-2023). Projeto “O patrimônio cultural em Dourados através de um website: cidade, cultura e história”, desenvolvido junto a Escola Estadual Floriano Viegas Machado.

Referências bibliográficas (básicas):

LARA, Camila de Brito Quadros. O Patrimônio cultural religioso: história e memória da Igreja Nossa Senhora Imaculada Conceição de Dourados/MS. 2017. 225f. Dissertação (Mestrado em História). UFGD, Dourados. Disponível em < https://www.ppghufgd.com/wp-content/uploads/2019/03/DISSERTA%C3%87%C3%83O-FINAL-REVISADO-P%C3%93S-BANCA.pdf >

PINTO, Maiara Laís; SOUZA, João Carlos de. Praças de Dourados, espaços públicos, usos e visibilidade na imprensa. Relatório final de Projeto de Iniciação Científica (PIBIC/CNPQ). Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2007.

PINTO, Maiara Laís. Da usina termoéletrica Senador Filinto Muller à Usina Velha: contribuição à história de um patrimônio histórico-cultural douradense. 2015. 180 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados. Disponível em < https://www.ppghufgd.com/wp-content/uploads/2017/03/MAIARA-LA%C3%8DS-PINTO_ago_2015.pdf >

ORIÁ, Ricardo. História pública e monumentos: a narrativa visual do passado nacional. In: ALMEIDA, Juniele R.; MENESES, Sônia (orgs.) História pública em debate: patrimônio, educação e mediações do passado. São Paulo: Letra e Voz, 2018, p. 33-50.